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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

AVE CESAR! – A CONQUISTA DA GÁLIA IV - 55 a.C.

AVE CESAR! – A CONQUISTA DA GÁLIA IV1

No ano 552 César dedicou-se a aumentar ainda mais seu prestígio junto ao povo de Roma. Crassus e Pompeu eram cônsules e detinham os principais meios de distribuição de favores entre patrícios e plebeus, o que lhes garantia a manutenção do poder pelo controle dos votos nas eleições que escolhiam os ocupantes dos cargos públicos.
Para que César igualasse tal influência, precisava de feitos militares de grande impacto, considerando que estava distante de Roma. Assim, ele elaborou duas estratégias de ação que lhe garantiriam celebridade por muitos anos. Seria o primeiro general romano a adentrar o território germano a leste do Rio Reno com suas tropas e o primeiro a cruzar o Canal da Mancha e invadir a Britânia, atual Inglaterra.
O pretexto para invadir a Germânia foi a invasão de usípetes e tencteros que cruzaram o rio para a Gália, fugindo dos suevos que lhes tomaram o território. A cavalaria romana enviada para impedir-lhes o caminho foi rechaçada com a perda de 74 homens.
A resposta de César foi terrível. Atacou o acampamento dos invasores e massacrou a maior parte deles. Kate Gilliver sugere dezenas de milhares de mortos, contra as mais de 400.000 anunciadas por César. Tal carnificina serviu de pretexto aos inimigos de César, em Roma, para atacá-lo, ameaçando com um processo por crimes de guerra. Mas só poderiam fazer isso quando seu mandato de governador terminasse.
Deutches Eck - Esquina Alemã - Encontro dos Rios Mosella e Reno - Cidade de Koblens, região pouco abaixo do local da travessia de César.
Então César completou seus planos para a Germânia. Decidiu cruzar o Rio Reno a pé, não de barco. Para isso seus soldados contruíram, em espantosos 10 dias, uma ponte com mais de 300 metros, primor da engenharia romana do período.
Acima Andernach. Abaixo Neuwied - Alemanha. A ponte de César foi feita entre essas duas cidades.
A ponte era feita de estacas de madeira posicionadas de modo a resistir à pressão da correnteza e a ataques por meio de troncos lançados na água. Acompanhe, na sequência de imagens abaixo, a reconstituição das etapas de construção.
Cruzando o rio, César marchou Germânia adentro, queimou algumas aldeias vazias e permaneceu 18 dias, mostrando a ousadia e a capacidade romanas. Depois disso retornou e mandou queimar a ponte.
Para invadir a Britânia, César usou como pretexto o apoio das tribos desta a seus adversários na Gália. Para Gilliver o vulto da operação a torna mais uma expedição do que uma invasão. Participaram da aventura duas legiões, transportadas de barco.
Falésias de Dover - Inglaterra.
 O desembarque, na região de Dover (Kent), onde a praia terminava em altas falésias, não foi possível, pois os bretôes os receberam com um ataque de cavalaria e carros de combate. César então mudou o local para as imediações da atual Walmer, onde a praia é mais aberta.
Praia de Deal - Walmer - Inglaterra - região do desembarque de César e das tropas romanas.
A maioria dos legionários, porém, recusou-se a desembarcar até que o porta-estandarte da 10ª Legião saltou sozinho para a água. Como era uma desonra terrível para uma legião perder seu estandarte, os demais desembarcaram.
O Porta Estandarte da 10ª Legião desembarca na Britânia.
Aos poucos uma defesa foi formada e nos combates seguintes os bretões foram derrotados e fugiram, mas, sem a cavalaria, os romanos não puderam perseguí-los e terminar o trabalho. Os ataques seguintes ao acampamento romano também foram rechaçados.

Contudo, danos sofridos por vários barcos e a falta de suprimentos na iminente chegada do inverno obrigou César a ordenar a partida de suas forças de volta ao continente.
Apesar da breve estada, a façanha de cruzar o canal até a misteriosa Britânia teve um impacto fenomenal no inconsciente coletivo do povo de Roma.
Escultura do rosto de César marca o local da conquista romana - Walmer - Inglaterra.
César conquistou uma vitória lendária sobre a popularidade de seus colegas de triunvirato, Crassus e Pompeu. Mas suas aventuras na Britânia não haviam terminado...

Continua...


1Lembramos ao leitor a base para esta nossa série de textos é a obra “A Guerra das Gálias 58-50 a.C. - Roma Constrói seu Império”, de autoria de Kate Gilliver, publicada pela Editora Osprey.
2Todas as datas aqui mencionadas são a.C. (antes de Cristo).

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