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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

GRANDE SÉRIE - WINSTON CHURCHILL


CHURCHILL – Parte IX [1] [2]
Em 1911 Churchill viu-se envolvido, enquanto membro do governo, na Terceira Crise do Marrocos,[3] na qual a Alemanha e a França quase chegaram a uma guerra. (pg. 258-259)
Nesta época, Churchill passou a analisar como se desenvolveria a situação se o país chegasse a uma guerra com a Alemanha e o que ele escreveu é basicamente uma profecia que se cumpriu ipsis-literis:
O exército alemão irromperia pela linha do rio Meuse ao vigésimo dia de guerra. Os franceses recuariam na direção de Paris. [...] O ímpeto do avanço alemão enfraqueceria lentamente quanto mais fosse alargado. A partir do trigésimo dia, o exército russo começaria a exercer pressão na Frente Oriental. O exército britânico deveria estar colocado em Flandres. Por volta do quadragésimo dia, as forças alemãs no Ocidente “estariam estendidas ao máximo, tanto internamente quanto nas suas frentes de guerra”. A tensão dessa situação se tornaria dia a dia “mais severa” sem uma vitória “definitivamente esmagadora”. Seria então que poderia haver “oportunidades para a verdadeira prova de força”. (<pg. 260)



[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).

[3]    A Crise de Agadir ou Terceira Crise do Marrocos ou Crise Marroquina de 1911 foi uma crise internacional ocorrida em 1911 que quase culminou em um conflito armado entre Alemanha e França, o que poderia ter ocasionado a Primeira Guerra Mundial três anos antes. O incidente começou quando, em maio de 1911, a França enviou tropas ao Marrocos para sufocar uma revolta popular contra o sultão Abd al-Hafid. Diante da possibilidade dos franceses anexarem o Marrocos, a Alemanha enviou em julho uma canhoneira ao porto marroquino de Agadir, uma região estratégica tanto por si só (é o melhor porto na região entre Gibraltar e Ilhas Canárias) quanto pela situação do domínio francês no Marrocos. Este episódio foi um novo desafio para a França após a Primeira Crise do Marrocos, pois em 1905, Guilherme II durante uma visita a Tânger, havia proclamado que a Alemanha não iria permitir que o Marrocos fosse dominado por uma única potência (a França). Essa ameaça foi eliminada pela Conferência de Algeciras (1906), na qual foram convidadas todas as potências europeias, em que foi acordado manter-se a independência marroquina, porém os portos do país foram todos confiados à França e Espanha. No caso de Agadir, a ativa diplomacia europeia também conseguiu a resolução da crise, que culminou com a assinatura de um acordo franco-alemão - o Tratado de Fez - em que a Alemanha deu à França carta branca em relação ao Marrocos, no qual o Império Alemão não teria direito de discutir, tudo isso em troca de uma parte significativa do Congo francês (conhecido como Neukamerun) que seria cedido para a Alemanha para este país inflar os territórios do Império Colonial Alemão. Pelos acordos assinados com a França, a Espanha também adquire a obrigação de exercer um protetorado no Marrocos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_de_Agadir
Tropas Francesas no Marrocos
A mesma visão aguda e capacidade de percepção Churchill mostrou em relação a situação da Marinha Britânica, a seu ver o alto comando naval, chamado de Almirantado, estava sendo displicente em relação ao que estava ocorrendo naquele momento. Suas cartas enviadas a diversas autoridades naqueles dias continham denúncias e dúvidas quanto a capacidade de compreensão e ação dos comandantes navais. Na primeira reunião do parlamento, em 24/10/1911, foi anunciada a nomeação de Winston para o posto de Primeiro Lorde do Almirantado. (pg. 263)
Uma vez nomeado, Churchill logo passou a atuar fortemente na preparação da Marinha para a eventualidade de uma guerra e seus esforços foram no sentido de obter um diagnóstico completo da situação para poder solucionar todas as deficiências, bem como conceber planejamentos e equipar e modernizar bem sua frota. Também incentivou a criação de uma força aérea subordinada à Marinha, que fosse capaz de atividade agressiva, ao contrário do que concebiam os comandantes do Exército, que viam nos aviões apenas a utilidade em atividades de reconhecimento. (pg. 263-266)

Os olhos de Winston estavam sempre voltados para a Alemanha e o fortalecimento da armada do Kaiser, que era a maior ameaça, no momento, ao domínio naval inglês. A drástica ampliação da frota, planejada pela Alemanha, fez Churchill avisar o governo sobre a necessidade da ampliação ainda maior da frota britânica. 
Kaiser Wilhelm e Churchill
Ao mesmo tempo ele sugeriu, no parlamento, que houvesse uma parada conjunta na indústria naval bélica de ambos os impérios, sugestão que a Alemanha não acatou. Surpreendentemente houve dificuldades na aprovação de um orçamento maior, que mantivesse o poder naval inglês equiparado ao alemão. (pg. 267-281)
Quando foi ao parlamento defender sua proposta, Churchill declarou:
Nenhuma das grandes potências precisava de armadas para defender “sua atual independência ou sua segurança”, disse ele. “Eles constroem navios para terem um papel nos assuntos mundiais. Para eles, é um esporte. Para nós, é uma questão de vida ou morte. (<pg. 281)
O orçamento foi aprovado e logo as atenções se voltaram para a questão da autonomia da Irlanda, que os católicos desejavam, o governo liberal queria conceder mas os protestantes não aceitavam, ameaçando com uma rebelião violenta. Aos poucos, e discretamente, forças da Marinha e tropas foram sendo deslocadas para os arredores da Irlanda, para serem usadas em caso de rebelião do Ulster, a região da Irlanda onde a oposição protestante era mais exaltada.[1] (pg. 281-282)
Nossa impressão, até o momento, é que Churchill era irriquieto desde tenra idade, cresceu carente da presença e do afeto dos pais, o que pode ter contribuído para sua personalidade rebelde, carreirista como era a cultura entre a nobreza de sua época, sempre conseguiu, contudo, destacar-se quando se esforçou minimamente para tanto.
Na vida adulta substituiu a mãe pela esposa na intensa correspondência pessoal que originava. A distância dos que amava no entanto, inclusive esposa e filhos, se manteve, agora não pelos colégios internos e a vida militar, mas pelos postos políticos que ocupou, especialmente como Primeiro Lorde do Almirantado.
Nesse ínterim ainda encontrou tempo para aulas de pilotagem de avião, o que causava arrepios em familiares e amigos pelos riscos imensos envolvidos na atividade ainda iniciante.




[1]    O Ulster (em irlandês Ulaidh ou Cúige Uladh, em scots Ulstér) uma das das quatro províncias históricas ou tradicionais da Irlanda, dividida em nove condados, dos quais seis, atualmente, localizam-se na Irlanda do Norte e três na República da Irlanda. A província não possui funções administrativas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulster


A todos ele ignorava até que a esposa, na terceira gravidez, pediu-lhe que parasse com os vôos, o que ele atendeu muito a contragosto. (pg. 286)

CONTINUA


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Um comentário:

  1. Carla Oliveira Santos arrebenta! Adoro seus textos sobre panteão egípcio. Queria saber mais como um deus-tutelar de uma cidade (Iunu/Heliópolis) que não foi preeminente militarmente como Hieracompolis/Neken ou Tebas/Waset, passou seu deus para a cabeça do Panteão de todo Egito de III e especialmente IV dinastia até fim da civilização egípcia (sec VI dC). klausprovenzano@hotmail.com

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