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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

CÓDIGO DRÁCULA - FINAL

O CÓDIGO DRÁCULA – FINAL
Chegou o momento de apresentar nossas conclusões. Não descartamos as outras teorias existentes, como as questões da sociedade da Era Moderna, a importância do sangue no imaginário do XIX, as transformações culturais e científicas, etc.
Mas acreditamos na plausibilidade de nossa conclusão, ao mesmo tempo em que não encontramos visão semelhante, com exceção do que já foi mencionado.
Vimos que Bram Stoker era um irlandês que nasceu e cresceu durante movimentos que opunham os interesses de seu povo aos ingleses, senhores das ilhas britânicas, o opressor Império onde o Sol jamais se punha.
A fala de Drácula, impregnada de nacionalismo, reivindica seu direito à conquista e à dominação. Sua escolha como personagem demonstra, a nosso ver, que ele não é apenas o “cara mau” desta obra, mas é o grande vilão da vida do irlandês Bram Stoker.
Drácula vampiriza, escraviza com seu sangue, conquista, domina, em cada lugar que vai sua terra impregnada de sangue vai com ele. Por quê?
Porque ele não é apenas uma representação do nacionalismo inglês, ele é a própria Inglaterra, a nação guerreira, conquistadora e opressora, que vampiriza a Irlanda, que a dominava quando esta definhava de fome, que virou as costas à Igreja, que engana, conspira, que faz uso dos mares e dos ventos que impelem sua força naval!
Drácula/Inglaterra miscigena seu sangue em suas colônias, tornando-as suas escravas. Esses domínios jamais vêem o pôr-do-Sol, o que Stoker subverte, fazendo do vampiro um inimigo da Luz.
As mulheres da obra de Stoker são as vítimas preferidas de Drácula. Ele quer sangue e escravas.
Mina, enquanto mocinha virtuosa, trabalhadora e pobre, é a Irlanda de Bram Stoker. As demais mulheres, tão diferenciadas entre si, são as outras colônias inglesas.
O ato de contaminar essas mulheres, tornando-as suas escravas, representa a miscigenação, já mencionada, mas também a influência cultural inglesa que se espalha corrompendo os valores caros ao autor.
Mina, que resiste, auxiliando os amigos, é a esperança de Stoker. O autor coloca seu país na vanguarda da luta contra o “mal”.
A fé católica, mostrando sua força perante o anglicanismo, age como força de salvação, como ponto de união dos irlandeses contra a vampirização inglesa, contra aqueles que adotaram uma nova religião.
Do irlandês Stoker, não poderíamos esperar nada diferente, embora possamos notar seus desejos de uma união com a ciência, o que certamente demonstra seu encanto e cuidado com os avanços de seu tempo.
O cowboy americano é jovem, viril, ainda puro e destemido. Suas andanças fazem dele um cidadão do mundo que não teme oferecer o próprio sangue em auxílio às mulheres.
É ele quem transpassa o coração do vampiro e liberta o mundo do opressor. É o herói de Bram Stoker.
Rezende defende que Stoker percebe a "...crescente relevância dos Estados Unidos no cenário mundial..."7 (pg. 42), e concordamos com ele. Para nós o cowboy é os Estados Unidos, que venceu os ingleses, terra da liberdade para onde acorrem levas de irlandeses em busca de paz, em quem Stoker deposita a fé em uma contraposição aos ingleses no mundo. Fé na Liberdade.
Sua morte, ao final, para nós representa apenas um desfecho heroico. O que importa, contudo, é a projeção dos EUA como uma nação poderosa no futuro, já citada antes.
Esta é, portanto, nossa visão a respeito do que pode estar por trás da obra de Bram Stoker.
Discordamos de Rezende quando coloca a obra como um estímulo aos “...irlandeses de todas as partes do mundo, principalmente os da América, para lutar pela libertação de sua terra natal.7(pg. 42)

Seria uma linguagem tão cifrada que a maioria de seus compatriotas não conseguiria decifrar.

A nosso ver a obra é uma crítica refinada e muito camuflada à superpotência britânica. Como funcionário público Stoker talvez não tenha intentado ir tão longe a ponto de se arriscar pessoalmente.

A despeito disso, porém, admitindo a veracidade de nossa tese, isso faria de nosso autor um nacionalista irlandês criticando a Inglaterra de dentro da própria sociedade inglesa e, ironia fina, sendo aplaudido por ela!
FIM

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REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO
FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. São Paulo: Editora Ática,2002
STOKER, Bram. Drácula. Trad. Vera M. Renoldi. São Paulo: Nova Cultural, 2002.
_____________. Drácula. In: Os três maiores clássicos da literatura de terros. Org. Stephen King. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
_____________. Drácula. Trad. Theobaldo de Souza. Porto Alegre: L&PM Editora, 2009.
_____________. Drácula. Martin Claret.
1Componentes: Carla Oliveira, Valéria Maria, Antônio Éverton, Gerson Alves, Robson Castro e Marcello Eduardo.
2https://pt.wikipedia.org/wiki/Bram_Stoker
3Os Deveres dos Oficiais de Seções Petty na Irlanda (tradução livre).
4O Tratado Preliminar de Santo Estêvão (3 de março de 1878) foi o acordo que o Império Russo impôs ao Império Otomano após vencer os turcos na guerra russo-turca de 1877-1878. Foi assinado em Santo Estêvão (grego: Agios Stephanos, atualmente Yeşilköy), vilarejo ao oeste de Istambul, na Turquia, pelo conde Nicolau Pavlovitch Ignatiev e Alexandre Nelidov por parte do Império Russo e pelo ministro de assuntos exteriores Safvet Paxá e o embaixador na Alemanha Sadullah Bey por parte do Império Otomano.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Santo_Est%C3%AAv%C3%A3o

5O Tratado de Berlim, concluído em 13 de julho de 1878, foi acordado entre as principais potências da Europa e o Império Otomano, e determinou o estabelecimento de um verdadeiro regime de controle permanente sobre a administração interna do império, de maneira a garantir o que os europeus invocavam como um mínimo aceitável de direitos, em particular a "liberdade religiosa" para os cidadãos submetidos à lei turca[1] .

Assinado no final do Congresso de Berlim, modificou o Tratado de Santo Estêvão, ao qual se opunham o Reino Unido e o Império Austro-Húngaro, e que instituía a "Bulgária Maior".

Tratado de Berlim reconheceu a independência dos reinos da Roménia, em 1881, da Sérvia, em 1882, de Montenegro, em 1910 e a autonomia da Bulgária, embora esta última permanecesse sob tutela formal do Império Otomano e fosse dividida em três partes: o Principado da Bulgária, a província autónoma da Rumélia Oriental e a Macedónia, devolvida aos otomanos, impedindo os planos russos para uma Bulgária Maior russófila[2] . A província otomana da Bósnia e Herzegovina, bem como o antigo Sanjak de Novi Pazar, foram colocados sob ocupação austro-húngara, embora formalmente continuassem a integrar o Império Otomano.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Berlim_%281878%29

6A literatura gótica inicia-se no século XVIII, na Inglaterra, com a obra O Castelo de Otranto (1764), de Horace Walpole. Costuma-se destacar, como algumas das principais características desse tipo de literatura, os cenários medievais (castelos, igrejas, florestas, ruínas), os personagens melodramáticos (donzelas, cavaleiros, vilões, os criados), os temas e símbolos recorrentes (segredos do passado, manuscritos escondidos, profecias, maldições).

Outras leituras possíveis da literatura gótica envolvem destacar nos romances o uso da psicologia do terror (o medo, a loucura, a devassidão sexual, a deformação do corpo), do imaginário sobrenatural (fantasmas, demônios, espectros, monstros), das reflexões sobre o Poder (colonialismo, o papel da mulher, sexualidade), da discussão política (monarquismo, republicanismo, as Revoluções, a industrialização), dos aspectos religiosos (catolicismo, protestantismo, a Inquisição, as Cruzadas), das concepções estéticas (neoclassicismo, romantismo, o Sublime) e filosóficas (a Natureza, Platão, Aristóteles, Rousseau), além de outras possíveis chaves interpretativas.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_g%C3%B3tica

7(p. 119 – L&PM 2009)

8REZENDE, João Bosco de Almeida. Por trás das sombras: uma análise das representações em Drácula. UFS, São Cristóvão, 2007


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