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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O LIVRO DOS MORTOS EGÍPCIO IV – PAPIRO DE ANI

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O PAPIRO DE ANI

Ernest Alfred Thompson Wallis Budge, inglês, nascido na Cornualha em 27/07/1857 e falecido em 23/11/1934, foi, na visão de alguns, um dos maiores responsáveis pelo fascínio que a História do Egito desperta ao longo dos tempos. Na visão de outros foi um dos maiores ladrões de artefatos egípcios dos mesmos tempos!

Diretor de antiguidades egípcias e asiáticas do Museu Britânico, escritor de mais de 100 livros, alguns com erros depois descobertos, parece-nos que ele não media esforços e meios, escusos ou não, para obter todos os artefatos antigos valiosos nos quais pudesse colocar as mãos, segundo se pode perceber das informações trazidas no documentário O Livro dos Mortos, do History Channel, produzido por Tim Evans e dirigido por Petra Hafner.

"Arqueólogos" do Século XIX estudando uma múmia.

No mesmo documentário, Stuart Tyson Smith, Phd, Professor da Univeristy of California Santa Barbara diz que “Ele praticamente pilhava e saqueava, comprando o que via...”. Já James Wasserman, escritor e ocultista, contemporiza dizendo que “As pessoas fazem julgamentos totalmente extemporâneos. Comprar objetos culturais naquele tempo era normal.

Esta é a mesma linha de pensamento de Carol A. R. Andrews, autora de vários livros sobre o Egito. No documentário ela declarou que “Não devemos olhá-lo como mero ladrão de culturas. Não se pensava assim...”, o que difere um pouco do pensamento de Zahi Hawass, à época do documentário Chefe do Conselho Supremo de Antiguidades: “Para mim era ladrão...

À esquerda Wallis Budge. À direita Zahi Hawass.
Contudo, ladrão ou egiptólogo proeminente, ou mesmo um pouco de cada, foi Wallis Budge o responsável por resgatar, levar para Inglaterra e traduzir um dos melhores exemplares do Livro dos Mortos de que se tem notícia: o Papiro de Ani.

Ani era escriba, uma espécie de contador do Templo de Osíris, que viveu, provavelmente, durante o reinado de Seti I ou de seu filho, Ramsés II. Vivendo em Tebas e convivendo diretamente com o cotidiano de um dos pólos centrais da religião, Ani preocupava-se ainda mais com a vida após a morte.

O funeral de Ani. Ao centro as mulheres choram a perda.
O Ba (alma) sobre o Kat (corpo) mumificado de Ani.
É de se imaginar que seus contatos estreitos com os sacerdotes lhe rendiam informações privilegiadas sobre todos os aspectos da vida espiritual conforme a entendiam os religiosos de seu tempo. A elevada posição social de que era detentor como escriba, aliada à sua função de recebedor das doações e tributos pagos ao templo, lhe garantiu recursos suficientes para encomendar um dos mais bem feitos e completos exemplares do Livro dos Mortos já encontrado.

Wallis Budge o comprou ainda com o selo intacto e, ao abri-lo, deparou-se com 24 metros de magníficas ilustrações coloridas e escrita excelente. O Papiro de Ani possui 65 orações e encantamentos e cerca de 150 ilustrações coloridas.

O cortejo fúnebre de Ani. No centro sua esposa, Tutu, chora ao lado do sarcófago, puxado por bois em um trenó. à esquerda outro trenó, menor, com pertences e, acredito, os vasos canópicos. À frente do corpo, o sacerdote.
No centro da imagem, Anúbis protege a múmia de Ani.
Logo, porém, o achado lhe foi tomado por ordem do diretor do Departamento de Antiguidades Egípcias da época, o francês Eugène Grébaut, que apreendeu diversos artefatos e os trancou sob guarda.

Segundo o documentário do History dá a entender, Wallis Budge teria pago a um dono de hotel vizinho ao depósito para escavar um túnel até o quarto onde os objetos estavam e roubá-los. Para que a operação não fosse ouvida pelos guardas ele providenciou uma refeição “batizada” que os fez dormir pesadamente!

Wallis Budge acreditava que o papiro se perderia se fosse levado ao museu do Cairo. Assim, quando chegou ao Museu Britânico, com o intuito de preservar e estudar o precioso artefato, Wallis Budge tomou a providencial atitude de... cortá-lo em pedaços!

...

Nesta parte do livro Ani, ou seus "clones", trabalha para os deuses.
O Capítulo 125 - Ani faz as Confissões Negativas, afirmando não ter cometido uma série de pecados.
Bem... agora que já conseguimos parar de esmurrar a mesa e esmagar os papéis, voltemos ao papiro...

Anúbis pesa o coração de Ani contra a Pena da Verdade de Maat, deusa da Justiça. Toth anota o resultado observado por Ammut, sempre pronto a devorar os reprovados.
Não se sabe como ou quando Ani morreu, mas sua caríssima aquisição foi com ele para o túmulo e, supostamente, o ajudou a fazer a caminhada no Além rumo ao Campo dos Juncos.

Hórus conduz Ani (que se ajoelha) perante Osíris e suas irmãs, Isis e Néftis.
Ani, e sua esposa Tutu, apresentam uma mesa de oferendas a Hórus.
Sua cópia personalizada do Livro dos Mortos apresenta ilustrações de sua alma fazendo todo o percurso previsto, enfrentando os desafios e respondendo as questões com a ajuda das orientações do livro.

Ani parece ter vencido a tortuosa estrada rumo ao Campo dos Juncos!



Continua...


Imagem:
http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Papyrus_of_Ani?uselang=pt-br

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